A moda em uma narrativa 3D

// híbrida
6 min readJun 16, 2020

A tecnologia do design 3D permite criar qualquer produto de forma digital, trabalhando uma infinidade de texturas, detalhes e possibilidades. Apesar de ser muito usada em outros campos, para a indústria fashion, ainda é algo novo e disruptivo, mas a pandemia de COVID-19 permitiu uma nova forma de pensar e criar moda. A alternativa serve tanto para driblar o isolamento social e continuar trabalhando em projetos de forma remota, quanto para um futuro mais sustentável e eficiente.

Os últimos meses forçaram uma urgência no design digital que não existia anteriormente para que a indústria da moda não sofra tanto prejuízo com o cancelamento de eventos e desfiles de moda:

“O confinamento foi um acelerador de uma revolução que estava prestes a acontecer e poderia levar mais alguns anos”, diz Sacha Djorkaeff, líder 3D da marca de moda masculina Pink Shirtmaker.

Os ativos do design 3D são modelos digitais fotorrealistas e tridimensionais de produtos podem ser usados em toda a cadeia de suprimentos, tanto no design quanto na amostra e na venda a compradores e clientes, como criação de materiais de marketing e showrooms virtuais. O design digital está emergindo como uma alavanca crucial para a indústria. Uma cadeia de suprimentos digital também é vista como uma maneira de diminuir o desperdício e, ao mesmo tempo, aumentar a velocidade da produção, oferecendo vantagens para as empresas que trabalham para se tornarem mais sustentáveis ​​e reduzir custos, apesar da adaptação para esse tipo de cultura dentro da empresa ser mais lenta.

Um pouco da falta de investimento nesse setor na indústria da moda se deve ao fato de, tradicionalmente, os designers não terem formação em modelagem 3D.

O conceito pode parecer estranho, mas os jogadores gastam dinheiro real em itens de moda digital há anos. Os jogos para celular já provaram que os clientes estão dispostos a gastar dinheiro com ativos digitais. O jogo “Kim Kardashian: Hollywood” da empresa de São Francisco, que permite aos usuários vestir um avatar com roupas de Roberto Cavalli, Balmain e Karl Lagerfeld, gerou mais de US $ 240 milhões em vendas desde o seu lançamento em 2014.

É comum para jogadores comprarem “skins” dentro de games, que são roupas ou looks diferenciados, como é o caso da parceria da Louis Vuitton com League of Legends no fim do ano passado, em 2019, que criou roupas para os personagens e também lançou uma coleção inspirada no game.

Jogos como The Sims permitem há anos visualizar roupas em 3D. Os jogadores e fãs da franquia criam suas próprias leituras e até mesmo recriam roupas de grifes para inserir no game. A imagem é referente ao site onde você tem acesso aos downloads de criação da comunidade, que se assemelha a uma experiência de compras virtual.

Em novembro de 2019, Tommy Hilfiger anunciou que estava mudando 100% de suas forças para o design digital até 2022. Para facilitar isso, a empresa-mãe PVH construiu uma incubadora de Amsterdã, Stitch, para treinar funcionários com a intenção de expandir para outras marcas da PVH.

Como a Carlings criou a sua coleção totalmente digital. Marketing Media Money

Platforme

O software permitiu que os clientes personalizassem produtos on-line usando modelos 3D fotorrealistas, que foram produzidos somente após o pedido. A empresa sediada em Londres atraiu clientes, incluindo Fendi, Dior e Sergio Rossi.

Projeto de tênis da Ddigitt mostrando uma complexidade de detalhes.

Ddigitt

A empresa que ajuda equipes a entender e implementar a importância e o impacto do uso do 3D no mercado, trabalhando com nomes como Fendi, Gucci e Dior.

STITCH Academy

Incubadora localizada no Amsterdã que permite treinamentos e workshops para o aprendizado e desenvolvimento de habilidades de design 3D, oferecendo aos designers a possibilidade de criar protótipos digitais e físicos.

O processo dentro da Stitch Academy

The Fabricant

Cria roupas digitais e experiências em 3D para marcas de moda:

“Uma nova cultura está surgindo. O mundo digital está chegando e não estamos mais ligados ao espaço físico.

Nossos corpos estão se tornando fluidos, nosso dinheiro descentralizado, novos poderes estão sendo formados. Lentamente, estamos nos mudando para um sistema além da dualidade. Novos padrões intrínsecos estão sendo formados por sistemas que estão mais próximos da nossa natureza, evoluindo ao invés de serem controlados por uma potência central. Este equipamento oferece uma visão do futuro.

O que pode ser um corpo quando é libertado das restrições físicas? O que significa identidade quando existem infinitos bits e bytes para expressá-la? A conexão é o que ansiamos.

Nossa frequência é nossa energia em movimento. Ele fornece fluidez de movimento, que é o que forma essa nova linha. Procuramos conexão em tecnologia. É a nossa nova religião.

Desfile da marca Hanifa, realizado no dia 23 de Maio de 2020.

Além de projetos já citados como é o caso da Clerings, a marca de Anifa Mvuemba chamada Hanifa estreia sua coleção totalmente em 3D numa narrativa muito criativa no IGTV da marca.

Projeto da Puma com a The Fabricant com objetivo de explorar mais a sustentabilidade que resultou na coleção “Day Zero”.

Capacitar sua equipe e empresa com práticas e recursos 3D permite a aceleração em direção a um local mais inovador, ágil e sustentável. É a oportunidade mais relevante da indústria da década e precisamos apostar nessa nova forma de pensar o design de moda que permite recursos infinitos, processos criativos mais aprimorados e redução do tempo de desenvolvimento permitindo uma visualização melhor dos projetos. Além disso, a compra e venda pode não ser algo tão novo quanto pensávamos, visto que já existe um movimento de consumo de roupas 3D em jogos como estamos acompanhando há anos!

Quem ganha com essa narrativa em 3D? A possibilidade de produzir sob encomenda sem desperdício, permitindo peças sem gênero, sem limitação de tamanho pode ganham muitos adotantes, gera menos custos para as empresas e permite explorar menos os recursos naturais do nosso planeta.

Logo vamos nos adaptar às novas tecnologias que estarão surgindo e pagar por projetos essencialmente digitais.

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